No papel, a Rio 2016 parece ser uma das Olimpíadas mais ecologicamente sustentáveis da história. Medalhas foram feitas com ouro reciclado. Os pódios, com madeira certificada. As compras para o evento foram feitas com exigências ambientais, e há até a previsão de alimentos orgânicos no evento.
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Já na prática, não temos motivos para ser otimistas. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada na semana passada, a organização da Rio 2016 não cumpriu nenhuma meta ambiental prevista no projeto. O pior desempenho é o do tratamento do esgoto, que ainda hoje é lançado na Baía de Guanabara. Segundo a Folha, o tratamento não avançou sequer metade do que havia sido prometido. O risco de atletas das competições de vela pegarem doenças no local é real.
Isso tudo sem falar no desastre que foi levar uma onça-pintada para um evento da tocha olímpica em Manaus.
Faltando apenas duas semanas para os Jogos, será que ainda há tempo para que a Rio 2016 retome o caminho traçado em suas metas? Segundo a pesquisadora Beatriz Kiss, da FGV, que estuda sustentabilidade em grandes eventos, será um desafio. Isso porque o trabalho precisa começar muito antes do evento.
Beatriz compara o que está acontecendo hoje, com a Olimpíada, com o cenário da Copa do Mundo de 2014. Assim como nos Jogos Olímpicos, o plano de sustentabilidade da Copa era ambicioso e inovador. "A proposta da Copa era muito boa, só que pouco foi feito antes do evento. Sinto que a Olimpíada está indo para o mesmo caminho", diz.
Segundo a pesquisadora, ainda é praticamente impossível fazer um evento desse porte sem causar impacto ambiental. O que é possível é minimizar esse impacto. "É muito difícil ter impacto neutro ou nulo. São eventos que mobilizam muitas pessoas para o mesmo local, causando impacto ao meio ambiente. O que se busca fazer é minimizar isso. Ter a consciência de que vai gerar impacto e ter as ferramentas certas para mensurar emissões, resíduos, etc."
O cenário para a Rio 2016 é ruim, mas nem tudo está perdido. Ainda será possível compensar alguns impactos durante o evento. Por exemplo, a compensação das emissões de gases de efeito estufa pode ser feita depois, com o plantio de árvores. Infelizmente, no entanto, o que poderia ser o maior legado para o Rio – a despoluição da Guanabara – parece longe de se concretizar.
Fonte: Bruno Calixto - ÉPOCA | Blog do Planeta.