Combate ao tráfico de animais silvestres está entre os desafios para salvar as espécies. Iniciativas de proteção já apresentam resultados.
Lentamente, os papagaios ameaçados de extinção voltam a aparecer em vistosas revoadas nas florestas do sul de Santa Catarina. Eles são vistos na Mata Atlântica e também no Cerrado, no Pantanal e na Caatinga. Contribuem para o ressurgimento dos alegres e barulhentos bandos, projetos de conservação existentes há mais de 20 anos que, a partir de 2010, passaram a integrar o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios.
Rápidas são a destruição dos habitats dos papagaios brasileiros pela mudança de uso da terra e a atuação criminosa de traficantes de animais, dificultando ainda mais o trabalho de salvá-los nos quatro biomas. Mesmo assim, os projetos de conservação seguem implementando o Plano de Ação Nacional, com resultados expressivos. Recentemente, ganharam força com a criação do Programa "Papagaios do Brasil", realizado em parceria com a Fundação Grupo Boticário.
Na "Semana de Estudos para a Proteção dos Papagaios e demais Psitacídeos Brasileiros", instituída pela Secretaria de Biodiversidades dos Ministério do Meio Ambiente, uma extensa programação, que vai até o dia 20/04, busca alertar para a necessidade de conservação dos papagaios. Os principais desafios estão na conscientização das populações e no combate ao tráfico de silvestres, que só perde em dimensão para o de armas e o de drogas.
Já o que anima os pesquisadores é o excelente resultado alcançado pelo trabalho junto às populações humanas na região, a proteção de áreas naturais e as ações de combate aos traficantes de animais silvestres.
CHARÃO
Patrícia Serafini, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), do ICMBio, dá como exemplo desses resultados, o Projeto Charão. "É uma experiência única poder ver revoadas de papagaios-charão, com centenas de milhares de indivíduos, na Floresta com Araucárias", relata. Ela visitou a Serra Catarinense para ver de perto o espetáculo da natureza, que ocorre nessa época do ano e motivou a criação da semana dos papagaios.
Nesta quarta-feira (18/04) e na sexta-feira (20/04), como parte da Semana, acontecem em São Paulo e no Paraná cursos de capacitação para agentes de fiscalização promovidos pelo Programa Papagaios do Brasil. A ideia é fortalecer as iniciativas de repressão ao tráfico de animais silvestres.
TRÁFICO
O papagaio-verdadeiro é o principal alvo dos traficantes, pois conta com a preferência do mercado de pets. Dócil e capaz de repetir frases com facilidade, é capturado aos milhares no seus período de reprodução, uma vez por ano. Seus filhotes e ovos são encomendados nas zonas rurais a preços irrisórios, o que garante o lucro ilegal dos traficantes de animais. Seu habitat se espalha pelas regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país. Livre na natureza é capaz de sobreviver e se reproduzir com facilidade. Preso, fica refém de uma alimentação inapropriada e de doenças que reduzem seus anos de vida.
O programa "Papagaios do Brasil" tem o foco nas espécies ameaçadas ou quase ameaçadas da lista nacional, o papagaio-charão, o papagaio-de-peito-roxo, papagaio-chauá, o papagaio-de-cara-roxa, o papagaio-moleiro e o papagaio-verdadeiro. Desses, o papagaio-de-cara-roxa já mudou de categoria na lista vermelha, saindo do grupo de ameaçados para o de "quase ameaçados". Até o dia 15 de maio, os pesquisadores estão realizando um censo nacional dos papagaios-de-peito-roxo.
Fonte: Paulenir Constâncio/ Ascom MMA.