Barganhas políticas entre governo e ruralistas estimulam o desmatamento e colocam em risco o compromisso do país com a redução de emissões
“Em troca de apoio político, o governo brasileiro está sinalizando aos proprietários de terras que aumentem o desmatamento, colocando em risco a contribuição do país para o Acordo de Paris”. Essa é a principal conclusão do estudo conduzido por Roberto Schaeffer, Alexandre Szklo e outros cientistas brasileiros, publicado na Nature Climate Change esta semana.
Flexibilização do licenciamento ambiental no Brasil, retirada de direitos indígenas e quilombolas, projeto de lei para a liberação de ainda mais veneno no prato do brasileiro e diminuição de áreas de conservação na Amazônia são alguns exemplos de políticas que podem ter impacto direto nas mudanças climáticas.
Para os cientistas, políticas de proteção da floresta e de seus povos originários são essenciais para que o Brasil cumpra acordos de redução de emissões firmados internacionalmente. A contribuição brasileira ao Acordo de Paris não será alcançada com políticas regressivas como as que esse governo e seus aliados ruralistas no Congresso têm se prestado a colocar em pauta.
No estudo foram utilizados modelos de avaliação integrados (MAIs) para explorar cenários de emissão de carbono especificamente projetados para o Brasil. No cenário mais provável, outros setores da economia teriam de pagar a conta para compensar o carbono emitido na área florestal: seria preciso desembolsar cerca de US$ 2 trilhões para aplicar tecnologias - ainda imaturas ou não testadas - para zerar suas emissões.
O vídeo no link abaixo mostra a evolução do desmatamento até 2050 no pior cenário.
https://www.greenpeace.org.br/hubfs/desmatamento_animado.mp4
Crédito: Observatório do Clima)
O estudo enfatiza a importância de alternativas para o uso de combustíveis fósseis no transporte para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do Brasil. Carros elétricos, principalmente, e biocombustíveis devem ser alternativas para o futuro. Mesmo assim, essas opções não serão suficientes se não houver a contenção do desmatamento e regras para uma agropecuária mais sustentável para o planeta e saudável para as pessoas.
As políticas de proteção e direitos estão sendo desmontadas nesse governo possuem consequências negativas na qualidade de vida e no futuro das próximas gerações. Secas frequentes com quebra de safras, inundações e aumento do nível do mar em cidades costeiras são o desdobramento da destruição das florestas brasileiras e dos povos que a habitam. O que acontece no Congresso e no governo para beneficiar um pequeno grupo do agronegócio possui consequências que podem ser irreversíveis para o planeta e para todos nós.
Fonte: Greenpeace Brasil.