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havia assumido o cargo em março. A programação da passagem do presidente por Cenas da Novembrada,
Florianópolis, no dia 30 de novembro, incluía a inauguração de uma placa em home- evento considerado
o início da derrocada
nagem a Floriano Peixoto, a ser instalada na Praça XV de Novembro. Isso certamente do regime militar
contribuiu para a animosidade demonstrada pela população – além de outras razões,
como a inflação que fazia disparar o preço da gasolina e a tarifa de energia elétrica.
Foi em meio a essa conjuntura que, liderada pelo movimento estudantil, a cidade re-
cebeu Figueiredo sob protestos. Depois de ser recepcionado no Palácio do Governo,
o presidente desafiou o ambiente hostil e, cercado por seguranças, seguiu o plano
de caminhar até o café Ponto Chic, conhecido como Senadinho, tradicional ponto de
encontro do centro. Dali, seguiu para a Praça XV de Novembro, onde seria inaugurada
a placa de ferro em homenagem a Floriano Peixoto.
A resistência da população impediu o ato, no entanto. Houve confrontos com a polí-
cia e sete estudantes foram presos. A multidão tomou a placa e tratou de queimá-la
numa fogueira. Esse episódio, que entrou para a história como Novembrada, é visto
hoje como um símbolo do enfraquecimento do regime militar e um marco do caminho
rumo à redemocratização do país.
Na noite de 12 de abril de 1980, um acidente aéreo voltou a comover Florianó-
polis. Um Boeing 727 da Transbrasil se chocou com o Morro da Virgínia, no bairro
de Ratones, tranquila comunidade do norte da Ilha. A tragédia ceifou a vida de
55 pessoas, incluindo figuras conhecidas da cidade, como o jovem médico Rômu-
lo Coutinho de Azevedo, pioneiro da acupuntura em Santa Catarina, e João Carlos
Baron Meurer, ex-diretor do Hospital de Caridade.
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