Page 62 - LIVRO_OCESC_50ANOS
P. 62

Catarina. A OCESC buscou soluções para reduzir o impacto dessa de-
            cisão governamental nas cooperativas, a exemplo da formalização de
            convênios com outros bancos estatais.
                  Apesar das dificuldades trazidas pela extinção do BNCC, as coope-
            rativas de crédito eram o segmento que mais crescia naquela época, im-
            pulsionadas principalmente pela insatisfação dos produtores rurais com
            os bancos comerciais. O acesso ao crédito para custeio das atividades es-
            tava cada vez mais difícil. Conseguir financiamento exigia o cumprimento
            de uma série de processos burocráticos, que tomavam tempo e elevavam
            os gastos dos agricultores com viagens às cidades. Além disso, os custos
            financeiros tornavam inviável o desenvolvimento da produção agrícola.
                  Logo após a criação do Mercosul, em 1991, a OCESC participou
            de discussões nacionais e promoveu encontros e discussões a respeito
            do novo mercado que se vislumbrava. Organizou também um evento
            de formação que reuniu cooperativas do Sul do Brasil e do Paraguai, do
            Uruguai e da Argentina. O foco era o intercâmbio de informações e a
            geração de negócios – produtores brasileiros de vinhos e sementes, por
            exemplo, firmaram boas parcerias com os países vizinhos.
                  Em visita às cooperativas, a organização levou aos associados
            informações sobre como se dariam as operações de comércio entre
            os países membros do Mercosul. O principal objetivo era preparar as
            cooperativas para competir com a enxurrada de produtos estrangeiros
            que chegavam ao país. Um exemplo: em decorrência da nova configura-
            ção do mercado, o cultivo de trigo passou a ser secundário nas proprie-
            dades catarinenses, pois era inviável competir com a produção argentina.




                  Expansão contínua


                  Os novos tempos exigiam adaptação, já que o governo Collor le-

            vava adiante um processo agressivo de abertura econômica. Gradual-
            mente, as tarifas de importação foram abolidas, permitindo a invasão,
            no mercado nacional, de produtos estrangeiros a preços baixíssimos.
            Estímulos à exportação foram sumariamente reduzidos e reservas de
            mercado eliminadas. O impeachment de Collor não representou o fim ao
            processo de abertura econômica, que seria mantido nas gestões de Ita-
            mar Franco e de Fernando Henrique Cardoso.
                  A OCESC trabalhava para aumentar sua representação externa e
            fortalecer outros ramos do cooperativismo. Assim, muitas cidades que já
            tinham uma boa imagem do associativismo agropecuário acolheram novas
            formas de cooperar. Em Chapecó, por exemplo, a ideia da cooperativa mé-
            dica foi introduzida por Aury Bodanese, que abriu as portas da Cooperalfa




         58
   57   58   59   60   61   62   63   64   65   66   67