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em tempo integral, fato inédito na história da institui-
            ção. Esse alto nível de dedicação era uma exigência das
            demandas que chegavam à OCESC. Além de dar iní-
            cio ao processo de autogestão nas cooperativas, cabia à
            organização acompanhar o cenário político e econômi-
            co, incluindo uma série de projetos de lei sobre o coope-
            rativismo que tramitavam tanto no Congresso Nacional
            quanto na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
                  O desenvolvimento da autogestão seria um grande
            avanço ao longo dos anos seguintes – não só em Santa
            Catarina, mas, de forma geral, em todo o sistema coo-
            perativo brasileiro. Coordenadas pela OCB, as organiza-
            ções estaduais tornaram-se os principais agentes desse
            processo, que envolvia desde a orientação para a consti-
            tuição de novas cooperativas até a fiscalização do auto-
            controle, passando por autonomia financeira, educação
            e capacitação de dirigentes e funcionários, comunicação
            e integração entre os membros do sistema. A OCESC                               Vilibaldo Schmid
            começou a promover encontros regionais e estaduais                                     assumiu a
            para discutir a questão e capacitar os dirigentes. Criou-se um programa            presidência da
            de certificação de autogestão das cooperativas, com um sistema de pon-          OCESC em 1990
            tos e a definição dos patamares que as instituições deveriam alcançar.
                  Em sintonia com todo esse processo, a organização passou a ser
            mais rigorosa na observância aos princípios do cooperativismo. Foi pio-
            neira ao criar um mecanismo de cancelamento de registro das coopera-
            tivas, determinado a partir da identificação de problemas na gestão ou
            pela falta de adesão efetiva aos valores cooperativistas. Isso permitiu
            a depuração do quadro de registradas, com a consequente valorização
            daquelas que seguiam no caminho correto.
                  As mudanças do sistema cooperativista acompanhavam alterações

            no cenário político, econômico e social do Brasil. Fernando Collor de
            Mello tornou-se o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de
            duas décadas de regime militar. Em março de 1990, seu governo deter-
            minou a extinção do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC),
            o que representava um grande problema para o cooperativismo brasi-
            leiro, em especial o de crédito.
                  Criado pelo governo federal em 1951, o BNCC tinha como obje-
            tivo prestar assistência e amparo às cooperativas. Era controlado pela
            União, que detinha 54% do seu capital, sendo o restante subscrito pe-
            las cooperativas legalmente constituídas e em funcionamento. Centrali-
            zando as operações financeiras de cooperativas de todos os segmentos,
            o BNCC foi um grande parceiro do cooperativismo de crédito em Santa




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