Page 95 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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AMBIENTALISTAS - RAuLINo REITz






            nomeado vigário em quatro paróquias: Turvo (1943 a 1944), Sombrio (1944 a 1946),
            Itajaí (1946) e Orléans (1946 a 1947). Seus sermões quase sempre abordavam temas
            ligados à Ecologia. Entre 1947 e 1971, foi diretor e professor do Seminário de Azambuja,
            em Brusque, onde havia se formado. Foi a época de ouro do seminário, que competia

            culturalmente com várias outras faculdades.


            Como professor, a disciplina predileta de Reitz era a Cosmografia, que lecionou por 20
            anos seguidos. Nas aulas práticas, buscava as noites de céu limpo, quando seus alunos

            podiam observar no céu o Cruzeiro do Sul, a Ursa Maior, o Escorpião, o Sagitário, as
            grandes constelações. Lecionou também Latim, Inglês, Alemão, Espanhol, Ciências Natu-
            rais, História Natural, Biologia, Religião, Anatomia e Fisiologia Humana, Física, Química,
            Agronomia, História das Américas, Geografia Geral e do Brasil e História Geral. Suas aulas   Uma vida de
                                                                                                    paciência e
            eram programadas para o início da semana, para que tivesse tempo livre para as pesquisas,   perseverança
            que frequentemente emendava com sábados e domingos. Mais tarde, de 1975 a 1986,
            Reitz foi vigário colaborador em Tijucas, e de 1987 até a morte, em 1990, em Camboriú.



            Ao todo, Reitz publicou 45 livros e 114 artigos científicos, além de editar a Revista
            Sellowia, lançada em 1949, periódico de botânica sul-brasileiro. Foi ele quem ideali-
            zou e promoveu a regulamentação para que a orquídea (Laelia purpurata) e a imbuia
            (Ocotea porosa) fossem a flor e a árvore símbolos do Estado de Santa Catarina. Toda

            essa dedicação o levou a ser reconhecido por diversos prêmios, inclusive aquele que
            é considerado o “Oscar” da Ecologia mundial, o Prêmio Global 500, concedido a
            ele em 1990 – ano de sua morte, aos 71 anos – pelo PNUMA (Programa das Nações
            Unidas para o Meio Ambiente), da Organização das Nações Unidas (ONU). Com todos

            os méritos, Reitz foi nomeado Patrono dos Ecologistas Catarinenses.


            “Há os que nascem gênios, como Mozart. E há os gênios que são construídos pelo
            trabalho metódico, perseverante, de uma vida inteira. Pessoas cuja genialidade con-

            sistiu em realizar um projeto na paciência cotidiana. Penso ser este o caso do Padre
            Raulino. Durante 52 anos dedicou-se ao estudo da natureza, especialmente no campo
            da Botânica, dia por dia, ano por ano, no silêncio do gabinete ou da pesquisa de campo,
            nas dificuldades das viagens. E nisso foi feliz, pois realizou-se e viu o reconhecimento

            da comunidade nacional e internacional. A paciência fez dele o gênio”, afirmou Dom
            Afonso Niehues, Arcebispo Metropolitano de Florianópolis, na oração fúnebre por
            ocasião do sepultamento do Padre Raulino Reitz.






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