Page 92 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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A HerAnçA Alemã de SAntA CAtArinA






                                                              O rapaz virou seminarista influenciado por dois de seus ir-
                                                              mãos, Afonso e João, que também haviam estudado no Se-
                                                              minário Azambuja, em Brusque. Permaneceu ali entre 1932
                                                              e 1936, transferindo-se em seguida para o Seminário Cen-

                                                              tral de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Lá conheceu
                                                              um grande incentivador de seus estudos botânicos, o padre
                                                              Balduíno Rambo. Não sendo um aluno de notas excepcionais,
                                                              o valor de Reitz como estudante se media principalmente pela

                                                              persistência que demonstrava.


                                                              Em 1938, durante o segundo ano de Filosofia, passou a coletar
                                                              plantas. Os alunos saíam para a mata colher ervas medicinais

                                                              para chás, muitas vezes destinados aos presos da cidade,
                                                              mas Reitz não se contentava apenas com a coleta. Queria
                                                              saber mais sobre cada uma daquelas plantas que tinha em
                                                              mãos, que foram dissecadas e preservadas em todas as suas

                                                              informações.



            Padre Raulino                                     Foi com esse material inicial que ele fundou, em 1942, com
            em plena ação,           apenas 23 anos, o Herbário Barbosa Rodrigues, cujo nome homenageia um naturalista
            pronto para suas
            incursões em busca       do século 19. Ao longo do tempo, ele reforçaria o acervo com as 29 mil plantas que
            de novas espécies        herborizou ao longo da vida. Hoje, a instituição reúne mais de 96% das espécies de
                                     plantas existentes no território catarinense. Ali são encontradas, à disposição para es-
                                     tudos, 42.354 plantas arquivadas, secas e conservadas – não só as locais, como outras

                                     11 mil de estados vizinhos.


                                     Além de se concentrar no que encontrava na natureza de Santa Catarina, ele realizou
                                     impressionantes 953 excursões botânicas, totalizando mais de um milhão de quilômetros

                                     rodados pelo Brasil, boa parte desses a bordo de seu valente Jeep, numa época em que
                                     o transporte era difícil e repleto de obstáculos. Muitas vezes ele contou com a ajuda de
                                     um fiel colaborador, o cientista Roberto Miguel Klein.



                                     Sua maior obra, a Flora Ilustrada Catarinense, foi sendo constantemente atualizada e
                                     ampliada ao longo de 25 anos. Ao fim, tinha 12.489 páginas, 2.760 estampas e 1.983
                                     mapas, abrangendo 149 famílias, 734 gêneros, 3.333 espécies e 237 variedades de






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