Page 93 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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AMBIENTALISTAS - RAuLINo REITz
plantas. A enciclopédia é a única do gê-
nero no Brasil – nenhum outro estado tem
mapeamento vegetal semelhante.
Pelo estudo das bromélias, Reitz chegou
à malária. Na tentativa de acabar com
a doença, Brasil e Estados Unidos, por
meio de uma associação entre o Instituto
Oswaldo Cruz e a Fundação Rockfeller,
assinaram um convênio na década de
1950. O Brasil pediu que os americanos
enviassem um especialista em bromélias,
mas, para surpresa de todos, verificou-
se que ninguém sabia mais do assunto
que o padre Raulino Reitz, que já vinha
investigando os mecanismos de prolife-
ração dos insetos nas águas paradas nas
bromélias. Assim, ele entrou oficialmente
no combate à doença. Fruto dessas pes- À direita na foto,
quisas, concluiu em 1951 a redação do livro “Bromeliáceas e a malária – Bromélia posando com amigos:
29 mil plantas
Endêmica”, que, sem o apoio governamental que lhe havia sido prometido, só seria
herborizadas
publicado em 1984, com os custos pagos pelo autor. São 808 páginas, 140 estampas
e 106 mapas.
No decorrer dos preparativos para as comemorações do Centenário de Brusque, em
1960, Reitz começou a organizar o “Museu Arquidiocesano Dom Joaquim”, que foi
instalado no antigo prédio do Seminário de Azambuja. Para isso, saiu pelo Estado co-
letando o acervo: plantas, animais, minerais, armas, imagens, documentos, história…
Tudo pronto, o Museu foi inaugurado, sendo Reitz seu diretor até 1978. Em 1961, Reitz
criou e implantou o Parque Botânico do Morro Baú, em Ilhota, Santa Catarina, com 750
hectares. Ele se envolveu pessoalmente com a conservação daquelas terras, preocupado
com a destruição da mata promovida por agricultores. Muitos anos mais tarde, numa
das grandes enchentes catarinenses, em 2008, a montanha praticamente desabou, com
grande número de vítimas fatais. Apenas o parque, de 750 hectares, com suas florestas
preservadas pelo padre, manteve-se intacto.
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