Page 98 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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A HerAnçA Alemã de SAntA CAtArinA
época sua primeira experiência como administrador de um museu de colégio jesuítico,
espaço de ensino-aprendizagem de ciências, que combinava gabinetes e laboratórios
de física, química, astronomia e história natural. De 1930 a 1936, ele escreveu oito
pequenos artigos sobre temas de História Natural publicados na revista do Colégio
Anchieta de Porto Alegre. De 1937 a 1940, fez seus estudos teológicos. Em 1939, foi
ordenado sacerdote.
Ele logo seria enviado para trabalhar no Colégio Catarinense, em Florianópolis, fun-
dado em 1905 e administrado pelos padres jesuítas. De 1942 a 1964, lecionou Física,
Química e Ciências Naturais. Em decorrência de suas atividades pedagógicas, assumiu
e começou a ampliar o museu já existente no Colégio. De 1946 a 1953, foi reitor da
comunidade dos jesuítas de Florianópolis, diretor do Catarinense e presidente do Sindi-
cato de Estabelecimentos de Ensino Primário e Secundário de Santa Catarina. Foi quando
comandou obras de ampliação e reforma do Colégio e construiu uma casa de retiros.
Em saídas de campo com o objetivo inicial de encontrar orquídeas, ele deparava com
sítios arqueológicos distribuídos por diversas partes da Ilha de Santa Catarina, e isso
despertou sua atenção para a necessidade de estudar e preservar esse patrimônio.
Autodidata, iniciou seu trabalho de pesquisa arqueológica com os recursos da comu-
nidade onde vivia, a do Colégio Catarinense.
Logo nos primeiros anos em Florianópolis ele se envolveria em uma grande polêmi-
ca. Em 1944, durante seus estudos dos petróglifos – desenhos antigos gravados nas
rochas – na Ilha de Santa Catarina, ele descobriu que uma colônia de pescadores
estava cultuando religiosamente uma pedra com uma imagem que o povo associou a
de um santo e ficou conhecida como “Santinho”, no Morro das Aranhas, ao lado da
praia do Santinho e do Moçambique. A devoção e a fé levaram o povo a acreditar
que a pedra era milagrosa. Fizeram até mesmo um altar ao “Santinho”, de frente para
o mar. Ali se revezavam em romaria, rezas, promessas, pedidos.
Rohr e sua equipe tiraram a pedra do lugar e a levaram para o museu do Colégio Ca-
tarinense, causando uma tremenda confusão. A atitude provocou grande revolta na
comunidade local. Para piorar, meses depois da sua retirada, a pedra misteriosamente
desapareceu. Na época, o sumiço do Santinho levou centenas de pessoas a uma passe-
ata em frente ao Colégio do padre Rohr. Moradores da praia dos Ingleses percorreram
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