Page 49 - ebook_LIVRO_FLORIANOPOLIS_350ANOS
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imigrantes açorianos para o Rio Grande do Sul e sucumbiram diante de uma tempes-
tade. Dos cerca de 250 colonos a bordo, apenas 77 conseguiram sobreviver. Há uma
dúvida histórica se foi por conta dessa episódio que surgiu a denominação Naufragados
para a praia do extremo sul da Ilha ou se o nome já era usado. O fato incontestável
é que a barra sul da Ilha sempre foi especialmente propícia a provocar naufrágios.
Os imigrantes formaram as primeiras freguesias da Ilha de Santa Catarina – a de Nos-
sa Senhora da Conceição da Lagoa, a de Santo Antônio de Lisboa e a do Ribeirão da
Ilha. Cada uma dessas comunidades ganharia sua própria capela. Com os novos mo-
radores, vieram costumes como a fabricação de objetos de barro, o boi de mamão, o
pau de fita e diversas festas religiosas, a exemplo do Divino Espírito Santo.
Em 1751, a pedido de Dom João I, os jesuítas estabeleceram um colégio no Desterro,
com o objetivo de proporcionar formação aos filhos dos colonos. Até então, as pou-
cas alternativas educacionais na vila haviam sido de caráter familiar e comunitário.
Outra iniciativa religiosa seria a fundação da Capela do Menino Deus, em 1762, sob
a liderança da beata Joana de Gusmão. Surgia assim o primeiro prédio do conjunto
que daria origem ao Hospital de Caridade.
Logo seria iniciada uma tradição que se mantém até hoje: a procissão de Nosso Se-
nhor dos Passos, realizada no quinto domingo da Quaresma para lembrar a via-crú-
cis, trajeto de Jesus até o Santo Sepulcro. A imagem de Senhor dos Passos veio da
Bahia e estava destinada ao Rio Grande do Sul. Apenas passaria a noite na Capela
do Menino Deus, mas, nas três tentativas de embarcá-la, o mau tempo não permitiu
a sequência da viagem, o que foi interpretado como sinal de que a imagem deveria
permanecer ali para sempre. Assim foi fundada a Irmandade do Senhor dos Passos e
realizada a primeira procissão, em 1766.
Hospital de Caridade
originou-se da Capela
do Menino Deus,
erguida em 1762
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