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Viajantes das mais diversas origens começaram a passar pela Ilha com frequência cada
vez maior. Os relatos dessas visitas descrevem paisagens idílicas, repletas de árvores,
frutos, animais e formações naturais encantadoras. Foi o caso do alemão Hans Staden,
que chegou em 1549, como integrante de mais uma expedição da Espanha. Um tem-
poral nas proximidades da Ilha causou o naufrágio de sua embarcação, obrigando os
sobreviventes a permanecer um longo tempo ali. Staden registraria todas as aventuras
no Brasil num livro que fez sucesso na Europa.
A Ilha de Santa Catarina era o ponto de encontro combinado para os três navios da
expedição, liderada por Mencía Calderón. Ela era a viúva de Juan de Sanabria, que
havia sido nomeado pela Coroa espanhola para comandar a viagem, mas morreu pouco
antes da data planejada para a partida. Como vários investidores já haviam aportado
capital no empreendimento, Mencía assumiu a missão.
Os três navios se perderam pelo caminho. Um deles, em que estava Mencía, trazia
80 mulheres solteiras, enviadas para se unir aos espanhóis na América e, assim, co-
lonizar a região disputada com Portugal. Após uma série de
contratempos, incluindo tempestades e um ataque pirata,
o navio chegou à Ilha e se juntou aos sobreviventes das
outras embarcações, Staden entre eles. Mencía contratou
um guia que dizia conhecer o antigo Caminho de Peabiru
e seguiu com parte do grupo para o Paraguai, numa peno-
sa viagem de mais de 1.300 quilômetros em meio à mata.
Chegou a Assunção, acompanhada por 21 mulheres e 22
homens, seis anos depois de ter saído da Espanha.
Quando as polêmicas com a Espanha se intensificaram,
Portugal decidiu que era o momento de dar mais atenção
ao povoamento da porção sul do seu território no Novo
Mundo. Passou a incentivar a fundação de povoados pelos
bandeirantes – começando, em 1645, por Nossa Senho-
ra da Graça do Rio de São Francisco, 150 quilômetros ao
norte da Ilha de Santa Catarina. Trata-se da atual cida-
de de São Francisco do Sul, considerada a terceira mais
antiga do Brasil.
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