Page 95 - ebook_LIVRO_FLORIANOPOLIS_350ANOS
P. 95

ampla, o Campeche, no sul da Ilha, foi escolhido para receber a pista – na verdade,

               uma ampla área de pasto – para pouso e decolagem dos pequenos aviões Laté 26,
               que chegavam à velocidade de 150 km/h. Ali foi construído um casarão de 280 m    2
               que servia como sede local da empresa e hangar para reparos, além de eventual hos-
               pedagem dos pilotos, para descanso ou à espera de manutenção.



               Naquela época, o Campeche era uma comunidade de pescadores que vivia isolada
               do mundo. Não havia estrada até a região central da Ilha – apenas uma trilha para
               carros de boi. No início, os aviadores eram vistos quase como extraterrestres, pois

               desciam em máquinas voadoras brilhantes, usavam roupas estranhas e falavam de
               um jeito que ninguém entendia.



               Com o tempo, estabeleceu-se um convívio amistoso e surgiu até uma fonte de renda para os
               nativos, decorrente da missão de levar lampiões ao alto do morro mais alto da localidade.
               Tratava-se da rústica sinalização usada à época para guiar os pilotos e alertar sobre a ele-
               vação existente ali. Essa é a origem do nome Morro do Lampião, que permanece até hoje.



               Um dos pilotos que faziam a linha era Antoine de Saint-Exupéry – que, com menos de
               30 anos, ainda não havia se tornado o escritor mundialmente famoso, autor do clás-
               sico O Pequeno Príncipe, que seria lançado apenas em 1943. Nas passagens pela Ilha,   Rebatizado de Casa
                                                                                                     José Boiteux, o antigo
               ocorridas entre 1929 e 1931, Saint-Exupéry teve muitos contatos com os moradores      Instituto Politécnico
               locais. Ele queria treinar o espanhol, pois naquele período estava se aproximando da   é a atual sede da
               futura mulher, a salvadorenha Consuelo, que morava na Argentina. A tradição oral,     Academia Catarinense
                                                                                                     de Letras e do Instituto
               transmitida pelos moradores do Campeche daquela época, especialmente Deca Rafael,
                                                                                                     Histórico e Geográfico
               dá conta de que o aviador recebeu dos manezinhos o apelido de “Zé Perri”.             de Santa Catarina




























                                                                                                                             91
   90   91   92   93   94   95   96   97   98   99   100