Page 98 - ebook_LIVRO_FLORIANOPOLIS_350ANOS
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partir de 1922, a cidade acompanhou a evolução da obra de engenharia mais

                                    A  importante de toda a sua história: a construção da primeira ligação entre a Ilha
                                    e o continente. A ideia inicial era batizá-la de Ponte Independência, tal a importân-
                                    cia que a estrutura teria para a capital, mas a morte do idealizador da obra, o gover-
                                    nador Hercílio Luz, ainda antes da inauguração, levou à decisão de homenageá-lo.



                                    Até então, a travessia Ilha-continente era feita em precárias balsas, muitas vezes
                                    açoitadas pelo vento que impedia a chegada exatamente no local planejado. O serviço
                                    era considerado ruim e causava protestos da população e da imprensa. Quando assu-

                                    miu o governo de Santa Catarina, em 1918, Hercílio Luz estava decidido a realizar a
                                    grande obra que acabaria com o isolamento que Florianópolis sentia e que todos os
                                    demais catarinenses lamentavam – havia até um movimento para que a capital fosse

                                    transferida para Lages, localizada no centro do território do estado.


                                    O projeto da ponte foi encomendado junto à empresa norte-americana Robinson
                                    & Steinman. Duas empreiteiras do mesmo país, a American Bridge Company e a
                                    Byington & Sundstrom, foram contratadas para executá-lo, com a maior parte da força

                                    de trabalho recrutada localmente. Um atrativo eram os salários três vezes maiores do
                                    que o praticado na cidade para funções semelhantes. Tratava-se de uma obra ambiciosa
                                    e cara, a maior ponte construída até então na América do Sul, que exigiria a obtenção

                                    de empréstimos pelo governo catarinense e endividaria o estado por muitas décadas.


                                    O alicerce, que começou a ser feito em novembro de 1922, exigiu 5 mil toneladas de ci-
                                    mento. Cada avanço era acompanhado pela população maravilhada. O governador Hercílio
                                    Luz ficou doente e precisou se afastar. Com o diagnóstico de que o câncer no estômago

                                    era irreversível, seus assessores trataram de construir uma maquete da ponte, com 18
                                    metros de comprimento, para que o idealizador pudesse inaugurá-la simbolicamente. Ele
                                    morreu duas semanas depois, em 20 de outubro de 1924, aos 64 anos.



                                    Com o projeto da ponte, intensificou-se o plano de transferir o cemitério para uma área
                                    distante do centro. Desde meados do século anterior, o local usado para esse fim era o
                                    Morro do Vieira, bem em frente ao ponto onde estava sendo construída a ponte. Essa

                                    localização causava incômodo, pois o cemitério destacava-se na visão de quem chega-
                                    va à cidade, além dos temidos riscos de contaminação da água consumida pelos mora-
                                    dores. O novo cemitério, no bairro Itacorubi, foi batizado de São Francisco de Assis e,





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