Page 90 - ebook_LIVRO_FLORIANOPOLIS_350ANOS
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Cenas da primeira       O interesse pela música fazia parte da cultura local desde os primórdios da coloniza-
            década do século:       ção da Ilha. Era com grande expectativa, portanto, que a cidade aguardava a visita
            acima, o movimento
            de pedestres na Rua     do famoso flautista e compositor Patápio Silva, em 1907. Negro que havia rompido
            Trajano, com a Igreja   barreiras para frequentar o universo da música erudita, ele havia se destacado como
            do Rosário ao fundo.    aluno do Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, tornando-se autor de gra-
            Na página ao lado,
            o flautista Patápio     vações fonográficas pioneiras no Brasil.
            Silva, que morreu
            misteriosamente em      Patápio chegou a Florianópolis em meio a uma excursão pelo Sul do país. Antes da
            Florianópolis; tentativa   tão esperada apresentação marcada para o Clube 12 de Agosto, ele adoeceu repen-
            frustrada de fazer
            voar um balão de ar     tinamente. Depois de alguns dias de piora progressiva, morreu no quarto do Hotel
            quente; condições da    do Comércio, onde estava hospedado. Tinha apenas 26 anos. A causa oficial foi
            Rua da Trindade (atual   influenza, mas correram boatos de que o famoso músico teria sido envenenado no
            Arcipreste Paiva, nos
            fundos da Catedral      bocal da própria flauta a mando de um comerciante local que se interessara pela
            Metropolitana) antes    atriz italiana Laly Mafaldi, que o acompanhava na turnê.
            do calçamento
                                    Houve grande comoção na cidade e em todo o país. A importância de Patápio no
                                    cenário nacional pode ser simbolizada por este trecho do livro Clara dos Anjos, de

                                    Lima Barreto: “De uns tempos a esta parte, porém, a flauta caiu de importância, e
                                    só um único flautista dos nossos dias conseguiu, por instantes, reabilitar o mavioso
                                    instrumento – delícia, que foi, dos nossos pais e avós. Quero falar do Patápio Silva.
                                    Com a morte dele a flauta voltou a ocupar um lugar secundário como instrumento





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