Page 89 - ebook_LIVRO_FLORIANOPOLIS_350ANOS
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om as facilidades proporcionadas pela popularização da tipografia, multiplica-
C ram-se na cidade os pequenos jornais, de duração efêmera, com fins satíricos
ou de pura fofoca. Oh! Ferro!!, lançado em 1902, deixou claro seus objetivos: “Pro-
metemos à rapaziada da troça que faremos crítica e crítica encarniçada aos namo-
radores. Às nossas gentis leitoras prometemos também expor-lhes as ações de seus
namorados que as andarem enganando”.
Nessa mesma época, O Brasil divulgou o resultado do concurso de beleza promovido
entre os leitores. Por apenas um voto de diferença – 76 a 75 –, Inih Vidal, filha do
desembargador Genuíno Vidal, o deputado que havia proposto a troca do nome da
cidade para Florianópolis, superou Diamantina Rebello e ficou com o título de moça
mais bonita de Florianópolis. Ela se casaria com Manoel Branco, empregado da firma
Carl Hoepcke, com direito a ter a banda Amor à Arte tocando na festa. Na pequena
cidade de então, as histórias se cruzavam.
A Confeitaria do Chiquinho, aberta em 1904 na esquina da Rua da República (atual
Felipe Schmidt) com a Trajano, tornou-se o ponto de encontro da sociedade local,
status que manteria ao longo de toda a primeira metade do século. Um dos atrativos
era a empada, receita secreta da família do proprietário, Francisco Künzer, o Chiqui-
nho. O negócio cresceu tanto que a construção original daria lugar, na década de
1920, a um prédio de três andares, o maior da cidade à época.
“Modernidades” como essas se concentravam na região central da cidade. Nas comunida-
des mais distantes, predominavam os hábitos tradicionais. Um exemplo era o curioso uso
de pandorgas (conhecidas em outras partes do país como “pipas” ou “papagaios”) como
auxiliares na pesca, método conhecido à época como “feiticeira de espinhel”. Um fio com
dezenas de anzóis era amarrado à pandorga e, com isso, movimentava-se suavemente so-
bre o mar. Algumas horas depois, era só recolher os peixes que haviam mordido as iscas.
Nessa época, a cidade já demonstrava a incrível capacidade de produzir figuras inte-
ressantes, como o maestro e compositor José Brasilício de Sousa, autor da melodia
do Hino do Estado de Santa Catarina. Professor de música mais destacado daquela
geração, ele era também astrônomo e estudioso do volapuque, código de palavras
desenvolvido com o propósito de se tornar um idioma universal, a exemplo do espe-
ranto. Colecionador de pianos, chegou a ter 36 exemplares do instrumento.
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