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se se hospedar ou simplesmente passar o dia – o que parecia ser a melhor opção, já
que ainda não havia energia elétrica em Canasvieiras, assim como ocorria em todas
as demais comunidades mais afastadas do centro da Ilha.
Alguns anos depois, quando se debruçaram sobre a missão de desenvolver o primeiro
Plano Diretor de Florianópolis, os urbanistas responsáveis constataram que a cidade
dependia excessivamente da condição de capital e sede do governo, de tal maneira
que precisaria desenvolver-se economicamente em outras frentes. O turismo surgia
como uma das opções mais viáveis, já que a Ilha havia sido reconhecidamente agra-
ciada com muitas belezas naturais. Demoraria ainda um bom tempo, no entanto, para
a criação de órgãos oficiais especializados em turismo.
A Rádio Guarujá surgiu em 1943, como a primeira da cidade. Foi comprada três anos
depois por Aderbal Ramos da Silva, que uma década antes já havia assumido o con-
trole do jornal O Estado. Em 1951, Irineu Bornhausen conseguiu a concessão para
Uma das capas da abrir a Rádio Diário da Manhã. Ambos se tornariam governadores de Santa Catarina,
revista Sul, editada evidência de como os veículos de comunicação impulsionavam carreiras políticas.
durante dez anos pelo
Círculo de Arte Moderna,
também conhecido Depois que a Segunda Guerra acabou, em 1945, o mundo voltou a sonhar com o fu-
como Grupo Sul turo. Florianópolis queria se conectar com o que havia de mais moderno. Em 1947,
um grupo de jovens intelectuais da cidade criou o Círculo de Arte Moderna,
que ficaria conhecido como Grupo Sul.
Eram nomes que se tornariam expoentes da cultura local, como Aníbal
Nunes Pires, Salim Miguel, Eglê Malheiros e Silveira de Souza. O grupo
editou a revista Sul por dez anos e se dedicou a várias formas de expres-
são, como a literatura, o teatro e as artes plásticas. O mais ambicioso
projeto foi o filme O Preço da Ilusão, que se tornaria o primeiro longa-
-metragem catarinense.
A atuação do grupo foi essencial para a criação, em 1948, do Museu
de Arte Moderna de Florianópolis, rebatizado mais tarde para Museu de
Arte de Santa Catarina (Masc). A iniciativa derivou de uma exposição
organizada pelo escritor carioca Marques Rebelo – que, por influência
do Grupo Sul, trouxe à capital catarinense uma amostra significativa
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