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Como o cooperativismo evoluiu em Santa Catarina? concretos para seus associados. Consolidar essa credibili-
dade ao longo de décadas foi uma conquista coletiva, que
exigiu muito equilíbrio, firmeza e visão estratégica.
No início, o cooperativismo era um movimento idealista,
muitas vezes confundido com assistencialismo. As coopera-
tivas tinham dificuldade de se estruturar tecnicamente e de O que a comunicação representa para a Fecoagro?
conquistar o respeito do setor público e do mercado. Com
o tempo, isso mudou. Hoje, as cooperativas são empresas A comunicação sempre foi uma ferramenta estratégica para
organizadas, com planejamento, governança e foco em re- nós. Temos programas de rádio, de TV, presença digital e
sultados. Elas conquistaram protagonismo no agronegócio conteúdos técnicos produzidos com qualidade. Isso aproxi-
catarinense e brasileiro, contribuindo efetivamente para o ma o agricultor da cooperativa e leva informação útil para a
desenvolvimento das comunidades onde atuam. Houve tam- tomada de decisão no campo. Também ajuda a construir a
bém avanço na intercooperação e na profissionalização da imagem institucional do cooperativismo. Por isso apoiamos
gestão, o que fez toda a diferença. a retomada da Revista Cooperativa, que vem para qualificar
ainda mais esse diálogo com o setor. É fundamental termos
O que a estrutura da Fecoagro veículos especializados, para fortalecer a visibilidade e a
identidade do cooperativismo catarinense.
oferece aos cooperados?
E quanto à sustentabilidade, o que tem sido feito?
A Fecoagro atua com uma central de compras que garante
melhores condições na aquisição de insumos para as coope- Sustentabilidade está no nosso radar faz tempo. Temos ações
rativas. Isso significa economia de escala, logística integrada ligadas ao uso racional de insumos, reaproveitamento de
e acesso a produtos com mais qualidade e menor custo. embalagens e educação ambiental. Também buscamos ino-
Mantém uma indústria de fertilizantes e coordena há 20 anos vações que diminuam o impacto da atividade agropecuária
o programa Terra Boa, do governo do estado. Além disso, no meio ambiente, sem comprometer a produtividade. Pro-
oferece suporte técnico, articulação institucional e presença duzimos e estimulamos o uso de fertilizantes especiais, com
nos meios de comunicação. São mais de 70 mil agricultores produtos organominerais, para assegurar a sustentabilidade
beneficiados diretamente por essa estrutura, que também com rentabilidade. É uma construção constante.
fortalece a atuação das cooperativas em suas regiões.
Como vê o futuro do cooperativismo agropecuário?
Qual foi o maior desafio na sua
trajetória na Fecoagro? Vejo com otimismo, mas também com preocupação. O coo-
perativismo precisa continuar se adaptando às mudanças do
Foram muitos, mas manter a união entre as cooperativas e mercado, da sociedade e da tecnologia. Não basta crescer,
preservar a credibilidade da Fecoagro estão entre os maiores. é preciso crescer com equilíbrio, sem perder os princípios
Em muitos momentos, enfrentamos divergências internas, que nos diferenciam. A profissionalização da gestão, a inter-
crises econômicas e mudanças no ambiente político e ins- cooperação e a inserção em novas áreas do agronegócio são
titucional. A Fecoagro precisava mostrar, com atitudes, que caminhos promissores e estão no nosso radar. Mas é essencial
era útil, necessária e eficiente. Trabalhamos para que ela manter a conexão com o produtor rural, com os valores da
deixasse de ser apenas uma entidade representativa e se cooperação, da solidariedade e do desenvolvimento coletivo.
tornasse prestadora de serviços, capaz de gerar resultados
Qual o significado do livro dos 50 anos da Fecoagro?
É um reconhecimento à história construída por tantas pessoas
e entidades que fizeram parte dessa caminhada. Registrar essa
Nosso papel é conectar trajetória é uma forma de honrar o passado e inspirar o futuro.
São cinco décadas de desafios, avanços e aprendizados que
as cooperativas à nova não podem se perder. O livro é um instrumento de memória
institucional, mas também de valorização da identidade coo-
perativista. Ele mostra que, com união e trabalho conjunto,
agricultura, mais digital, mais é possível transformar a realidade do campo catarinense. REVISTA COOPERATIVA
sustentável e mais eficiente.” Veja vídeo da
entrevista
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