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A Biblioteca Pública de Santa Catarina, uma das primeiras do país, foi criada em

               1854, com acervo inicial de 474 livros, doados por cinco famílias. Um dos doa-
               dores, o militar e jornalista Francisco de Pauliceia Carvalho, assumiu como pri-
               meiro diretor da instituição – que, ao longo de sua história, mudaria diversas

               vezes de endereço.


               Em 1857, foi lançada a pedra fundamental do Teatro Santa Isabel, atual Álvaro de
               Carvalho. Tratava-se de uma iniciativa privada, envolvendo um grupo de acionistas

               que adquiriram 200 cotas, pagas em prestações. Era o início de um longo e penoso
               processo até a inauguração, duas décadas adiante.


               Nessa mesma época, a vida cultural da cidade ganharia o reforço do naturalista e bo-

               tânico alemão Fritz Müller, que chegou para atuar como professor e principal nome do
               recém-criado Liceu Provincial. A instituição surgiu depois que uma epidemia de febre
               amarela vitimou vários dos padres que integravam o colégio dos jesuítas espanhóis,
               única opção de ensino secundário da cidade até então. Essa fatalidade abriu espaço

               para que o presidente da província, João José Coutinho, que já havia idealizado a Bi-
                                                                                                     Pesquisas feitas na
               blioteca Pública, decidisse criar uma alternativa não religiosa para a continuidade do   Ilha de Santa Catarina
               ensino em Desterro. O governo adquiriu o imóvel até então utilizado pelos jesuítas.   por Fritz Müller
                                                                                                     contribuíram para dar
                                                                                                     credibilidade à Teoria da
               Aos 34 anos, Müller havia chegado ao Brasil quatro anos antes, quando se estabeleceu com   Evolução das Espécies
               a esposa e uma filha na Colônia Blumenau. Ele aceitou o convite de transferência para a
               capital motivado principalmente pela perspectiva de encontrar amplas possibilidades de
               pesquisas na Ilha de Santa Catarina, reconhecida pela diversidade da fauna e da flora.



               Logo Charles Darwin apresentaria a Teoria da Evolução das Espécies, e Müller passa-
               ria a se corresponder com o colega inglês. Ao registrar de forma sistemática as suas

               pesquisas sobre crustáceos na Ilha de Santa Catarina, Müller ajudou a combater o
               ceticismo do meio científico em relação à tese de Darwin – que, a propósito, havia
               visitado a Ilha muitos anos antes, em 1822, a caminho do Oceano Pacífico.


               Darwin reconheceu publicamente a contribuição de Müller, a quem chamava “Prínci-

               pe dos Observadores”, citando-o 17 vezes na primeira reedição do livro A Origem das
               Espécies. Com o fechamento do Liceu Provincial, Müller voltou a morar em Blumenau,
               depois de uma década em Desterro.





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