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início da Guerra do Paraguai, em janeiro de 1865, afetou o cotidiano de Des-
O terro. Iniciou-se uma grande campanha de alistamento para os chamados Vo-
luntários da Pátria. O primeiro grupo reuniu apenas 25 jovens, mas as adesões seriam
ampliadas para 219 até meados de março. Reforçado por 280 homens que chegaram
do Paraná, o grupo formou o 25º Batalhão de Voluntários da Pátria, que embarcou
para o Paraguai em duas levas, entre o final de julho e o início de agosto. Os solda-
dos da cidade mortos em combate seriam lembrados, mais tarde, por um monumento
instalado na Praça XV de Novembro.
Na manhã de 24 de abril de 1866, houve uma grande explosão no prédio da Alfân-
dega, que tinha a função de controlar entrada e saída de cargas que chegavam ao
porto de Desterro. Dez pessoas morreram e 15 ficaram feridas. A causa do acidente
nunca foi esclarecida. Oito anos depois, iniciou-se a construção de um novo edifício
da Alfândega, em terreno diferente do original, inaugurado em 1876.
Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, Desterro retomou sua vocação para
celebrar a vida. Um dos vários clubes sociais surgidos naquela época foi o 12 de
Agosto – que segue firme até hoje, sempre fiel à proposta original de reunir a eli-
Prédio da Alfândega, te da cidade. Já a Sociedade Musical Amor à Arte, que também continua na ativa,
inaugurado em 1876 tinha um perfil mais popular, com sua banda ligada aos blocos carnavalescos.
O século se aproximava do fim e o Brasil
ainda carregava uma chaga que manchava
sua reputação e sua História: a escravidão.
A campanha pelo fim da prática chegou com
força a Desterro, que há muitos anos tinha
a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário
e de São Benedito dos Homens Pretos como
uma instituição ativa na articulação política
e na busca de direitos para a comunidade
de origem africana.
Em 1884, foi fundado o Clube Abolicionista,
que lançou um jornal, O Abolicionista. Em
24 de março de 1888, três semanas antes da
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