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A conquIstA do oeste                                                                         19





               o acordo com o governo transferia à compa-
               nhia colonizadora a obrigação de providen-

               ciar as obras de infraestrutura, especialmen-
               te a abertura de estradas, mas na prática
               não foi isso que aconteceu. como os terre-
               nos eram quase sempre vendidos em várias
               prestações, a Sul Brasil adotou o artifício

               de repassar aos colonos a incumbência de
               fazer as estradas, em troca do abatimento
               de parte da dívida. assim, as primeiras vias
               da região foram abertas “no braço” pelos
               novos moradores, com grande esforço, pois
               eles não dispunham de equipamentos ade-

               quados para auxiliá-los na tarefa.

                                                                                         Na década de 1920,
               a escritura definitiva só era concedida aos colonos após o pagamento      a principal cultura
               integral. Muitos chegaram sem dinheiro suficiente e, em decorrência das   da região era o fumo
               condições precárias que encontraram, com tudo a fazer, não conseguiram
               transformar seu trabalho na renda necessária para honrar as prestações.

               logo começou a haver especulação imobiliária, com a revenda de lotes.


               as famílias que persistiram tiveram que suar muito e encher as mãos
               de calos para evoluir. No início, plantavam várias culturas em pequena
               quantidade, para a subsistência e eventuais trocas do excedente com os
               vizinhos. assim que as grandes dificuldades dos primeiros tempos come-

               çaram a ser superadas, a cultura do fumo se impôs na região, passando a
               ocupar áreas amplas, com o objetivo de venda.


               o valor que conseguiam obter pela produção era bastante baixo, contu-
               do. ao mesmo tempo, para ter acesso a produtos básicos, como tecidos,
               os colonos tinham que se submeter aos preços exorbitantes praticados

               pelos comerciantes.


               como veremos no próximo capítulo, a sensação de injustiça decorren-
               te desse desequilíbrio seria o combustível para a criação da Sociedade
               cooperativa Mista de Palmitos, em 1933. os agricultores que se uniram
               para criá-la foram motivados pela perspectiva de combater a exploração

               e aumentar a lucratividade ao compartilhar seus esforços de produção,
               transporte e venda – uma vez que era muito difícil, para cada um deles
               individualmente, viabilizar todo o processo.
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