Page 104 - Águas Subterrâneas: um Patrimônio Catarinense
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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, UM PATRIMÔNIO CATARINENSE



               Em sua tese de doutorado sobre os usos da terra e a qualidade das
               águas da Bacia do Rio Jacutinga, Gedalva Filipini (2013) constatou,
               por amostragem em 11 pontos diferentes, que a qualidade média
               das águas do manancial enquadrava-se em ruim, principalmente
               devido aos altos teores de bactérias coliformes. Segundo a autora,
               a bacia não comporta a utilização do volume de dejetos ali produ-
               zidos pelas criações de suínos na fertilização direta dos solos, já
               que a densidade média de 97 animais por hectare seria seis vezes
               superior à aceitável. A instalação de biodigestores é uma das al-
               ternativas sugeridas para a mitigação do problema.


               Pesquisadores da Unochapecó avaliaram a contaminação por me-
               tais pesados e pesticidas em quatro reservatórios da Bacia Hidro-
               gráfica do Alto Rio Uruguai, no Rio Passo Fundo (Usina Hidrelétrica
               Passo Fundo e Usina Hidrelétrica Monjolinho, ambas no RS) e no
               Rio Uruguai (Usina Hidrelétrica de Itá e Usina Hidrelétrica Foz do
               Chapecó).


               Entre os reservatórios estudados, o lago da UHE Itá apresentou
               o maior número de metais – ferro, zinco, cobre e chumbo –, com
               concentração acima dos limites estabelecidos pela legislação. Foi
               verificada a presença de defensivos agrícolas na água da Usina do
               Rio Passo Fundo, reservatório fortemente impactado pela agri-
               cultura. Acredita-se que a presença de pesticidas na Usina Foz do
               Chapecó deva-se ao fato de ter como afluente o Rio Passo Fundo. Os
               defensivos estudados não foram detectados no lago da UHE de Itá.


               Uma dissertação de mestrado (Carasek, 2016) e uma tese de dou-
               torado (Facco, 2018) avaliaram a qualidade da água subterrânea no
               município de Chapecó. Os dois trabalhos apontaram para a exis-
               tência de índices preocupantes de nitratos e de coliformes totais
               (presentes em 56% dos poços analisados) na área urbana relacio-
               nados à falta de um sistema de coleta e tratamento de esgotos,
               atualmente em fase de implementação. O fato indica a necessidade
               de procedimentos de limpeza e manutenção desses poços, bem
               como de tratamento (cloração) para o consumo humano da água.



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