Page 100 - Águas Subterrâneas: um Patrimônio Catarinense
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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, UM PATRIMÔNIO CATARINENSE
O Laboratório de Ecotoxicologia do CCB/UFSC analisou 46
amostras de água, coletadas desde Urubici até a confluência
com o Rio Pelotas, sendo constatada a presença de fenóis re-
sultantes da degradação parcial da lignina dos pínus contidos
em efluentes de indústrias papeleiras. Os estudos mostram
uma situação de risco para o uso das águas do Rio Canoas,
já que a região abriga duas das maiores indústrias papeleiras
do país, em Correia Pinto e Otacílio Costa.
Essas indústrias lançam seus efluentes diretamente no rio,
com uma vazão de 1.500 m /hora e 1.200 m /hora, respecti-
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vamente, e uma distância em torno de 40 quilômetros entre
os dois sítios de lançamento. Suas águas recebem, portanto,
quantidades consideráveis de efluentes contendo agentes
químicos altamente poluentes. Destacam-se os fenóis de-
rivados de lignina, resinas ácidas, fitoesteróis, entre outras
dezenas de substâncias. Ressalte-se que os resultados das
análises físico-químicas foram confirmados por efeitos tóxicos
observados em algas, crustáceos e peixes colocados nessas
águas, em laboratório.
Especialmente na área dos municípios de Ponte Alta e Correia
Pinto, o leito do Rio Canoas corta áreas de afloramento do
Aquífero Guarani, e por isso teme-se pela possibilidade de
contaminação, também, das águas de recarga desse aquí-
fero, cujos blocos se estendem daí para o oeste, embaixo do
Aquífero Serra Geral.
Complexo industrial de celulose e
papel às margens do Rio Canoas,
no município de Correia Pinto/SC
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