Page 167 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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A HerAnçA Alemã de SAntA CAtArinA
Foi preciso muita capacidade de adaptação para permanecer Carl Hoepcke (ao centro, de chapéu escuro) com a família. Abaixo,
tanto tempo no mercado. A empresa de hoje certamente é muito a fábrica de pregos. Na página ao lado, o estaleiro Arataca, aos pés
da ponte Hercílio Luz
diferente daquela criada por Carl, mas algumas características
permanecem inabaláveis como fios condutores desde os tempos
do fundador – o empreendedorismo, a inovação, a seriedade,
a solidez e a confiança no futuro.
Carl Hoepcke desembarcou no Porto de Itajaí em 1863, aos
18 anos, junto com a mãe viúva e dois irmãos mais novos.
Dali a família seguiu para Blumenau, colônia que nascera de
uma sociedade entre Hermann Blumenau e um tio de Carl,
Ferdinand Hackradt.
Depois de três anos como agricultor, o jovem foi convidado pelo
tio a trabalhar em seus negócios na capital catarinense, à época
ainda chamada Desterro, onde Hackradt estava estabelecido des-
de que rompera a sociedade com o dr Blumenau. Ali, Carl come-
çou a atuar na venda de produtos manufaturados, importados da
Europa. Hábil em Matemática, tornou-se o contador da empresa
e foi aos poucos tomando conhecimento de todos os meandros
dos negócios. Quase 20 anos depois, quando o tio decidiu parar
de trabalhar, o sobrinho assumiu seu lugar.
Assim, em 1883, a firma passou a ser denominada Carl Ho-
epcke & Cia. O foco da casa comercial, que até então era o
varejo, passou a ser o atacado. Trabalhando com maior varie-
dade de produtos – de brinquedos a tratores – e aumentando o
volume das compras feitas no exterior, Carl pôde abrir mão de
intermediários. Passou a bancar diretamente o transporte das
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