Page 10 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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O SAngUe empreendedOr


                                     e A Fé dOS COlOnizAdOreS







                                     Dois fatores podem introduzir nossa reflexão sobre a presença alemã na colonização
                                     e no desenvolvimento catarinenses – e o modelo de economia que, então, começou
                                     a ser concebido. Primeiro ponto: a chegada dos colonos a uma região de difícil utili-

                                     zação para fins agrícolas. Muito embora o modelo de colonização tenha sido plane-
                                     jado de maneira precisa, pensando detalhadamente nos espaços a serem ocupados
                                     pelas famílias que se mudavam para este lado do mundo, a distância imensa, física e

                                     cultural, entre as sociedades colonizadoras e as colônias propriamente ditas provo-
                                     cava situações como a que se verificou em Santa Catarina: ao chegarem, os colonos
                                     deparavam-se com lotes não demarcados claramente e terras nada apropriadas ao
                                     cultivo – eram terrenos acidentados, de floresta virgem. E, ainda que um bom número
                                     de famílias tenha insistido e lutado para instalar aqui pequenas lavouras e criações, a

                                     realidade local obrigou os imigrantes a deslocar parte de suas expectativas para outras
                                     formas de subsistência.


                                     O segundo ponto foi que muitos desses imigrantes já traziam, de suas regiões, o le-
                                     gado do empreendedorismo, sobretudo nas áreas de transformação e serviços. E se o
                                     setor têxtil foi destaque nos arredores de Blumenau, na Colônia Dona Francisca foi o
                                     metalúrgico que conquistou amplo espaço, somando sua força ao cenário industrial
                                     que arregimentou muita mão de obra entre os colonos e integrou o perfil de empreen-

                                     dedorismo, maior característica da atuação dos alemães em Santa Catarina.

                                     A industrialização, que se consolidou no século 20, foi uma alternativa ao modelo

                                     colonial, desafiado pelas grandes dificuldades que a região impunha. Não é exagero
                                     dizer que a história da imigração alemã se confunde com a própria história do Brasil,
                                     que viu a preponderância agrária dar lugar, rapidamente, a uma economia impulsio-
                                     nada primeiro pela indústria e depois, pelos serviços.


                                     Rever essa história, hoje sob as lentes de uma realidade transformada radicalmente à
                                     custa de muito trabalho e luta, nos impõe seguir refletindo sobre nossas responsabili-
                                     dades na conquista de tempos melhores para o estado, o país e todos os seus cidadãos.






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