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               era recolher a produção de fumo, banha e mel dos associados e
               tentar vender ou trocar esses produtos da forma mais vantajosa.

               Winckler passou a fazer negociações prévias com parceiros
               que tinham interesse em estreitar o laço com a cooperativa.
               Dessa forma, a relação com os comerciantes, que antes era de
               flagrante exploração dos agricultores de Palmitos, tornou-se
               mais igualitária.



               além de entregar fumo em iraí, aproveitando os contatos que
               tinha do tempo em que trabalhava com o sogro, Winckler ex-
               pandiu os negócios para novos destinos. Firmou parcerias na
               cidade gaúcha de Santa Bárbara, a quase 200 km de distância, que aos      Otto Winckler,
               poucos se tornou destino preferencial das cargas que saíam de Palmitos,   em 1974

               graças em grande parte a um acordo com um comerciante local, Willy Stolz.
               De lá, vinham gêneros alimentícios e artigos importantes para o cotidiano
               das famílias dos associados da cooperativa, como tecidos, sal e querosene.


               Foi preciso buscar aliados distantes porque continuava grande a resistência
               dos comerciantes da região, que viam a cooperativa como uma concorrente

               e faziam de tudo para boicotar seus movimentos iniciais. os motivos da re-
               sistência logo se tornaram claros: a cooperativa funcionava como reguladora
               dos preços, impedindo que preços abusivos continuassem a ser praticados.


               os comerciantes que insistiam em bater de frente com a cooperativa
               se isolaram cada vez mais e viram seus negócios se tornarem insusten-

               táveis. Guilherme Däenecke, dono da maior casa de secos e molhados
               e também do primeiro automóvel de Palmitos, acabou fechando seu
               comércio – e foi trabalhar como empregado da cooperativa.


               ao final do mandato como presidente, Winckler fez questão de que o car-
               go fosse ocupado por outros associados – foi sucedido por edmundo Pilz

               (1935-1937) e emílio Friedrich (1937-1939). o fundador continuou atuando
               por muitos anos como gerente-geral, consolidando-se como o “rosto” da
               cooperativa. ele recebia uma comissão sobre as vendas realizadas.


               Depois dos dois primeiros anos, o volume de fumo movimentado pela
               cooperativa pedia a construção de um galpão para armazená-lo. os asso-

               ciados realizaram a obra num mutirão de final de semana, com materiais
               arrecadados entre eles próprios. o armazém, de madeira, tinha capacidade
               para 120 toneladas de fumo.
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