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Os falanstérios
planejados por
Fourier eram
grandes casas onde
pessoas viveriam
em comunidade,
compartilhando
a terra e outros
meios de produção
ta de criar uma experiência semelhante ao socialismo que vinha sendo
discutido na Europa.
O médico planejou um sistema econômico e social baseado na
solidariedade comunitária, o que exigia dos integrantes o completo
desapego de bens materiais. Apesar das ideias revolucionárias, Faivre
não era filiado a qualquer doutrina socialista da época. Ao contrário,
relacionava-se bem com o poder instituído – tanto que, por ser amigo
de D. Pedro II e da Imperatriz Thereza Christina, optou por homena-
geá-la ao escolher o nome da colônia.
Há quem atribua o pioneirismo a uma iniciativa catarinense,
no entanto. Em 1842, o imigrante francês Benoit Jules de Mure ten-
tou criar no norte do estado, onde hoje se encontra o município de
São Francisco do Sul, uma colônia de produção e consumo baseada
nas ideias de Fourier, socialista francês que hoje é considerado um
dos pais do cooperativismo. Centenas de pessoas compartilhavam
as habitações, chamadas de falanstérios, e dividiam as tarefas de
produção agrícola.
Algumas décadas depois, surgiriam no Brasil as chamadas
“cooperativas de consumo”, voltadas a produtos básicos para as famí-
lias dos associados. A primeira, criada em 1887, foi a Cooperativa de
Consumo dos Empregados da Companhia Paulista de Estrada de Ferro,
sediada em Campinas (SP). Dois anos depois, moradores de Ouro
Preto (MG) uniram-se para criar a chamada Sociedade Econômica
Cooperativa dos Funcionários Públicos de Minas Gerais. Em 1892,
em Camaragibe (PE), um grupo de trabalhadores fundou a Coopera-
tiva de Consumo dos Operários da Fábrica de Tecidos de Camaragibe.
O cooperativismo de crédito complementaria as ações das institui-
ções ligadas às atividades agrícolas. Em 1902, a cidade gaúcha de Nova
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