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O cooperativismo aflorou em um período de intensas transforma-
            ções sociais e econômicas, causadas principalmente pela Revolução In-
            dustrial, iniciada na Inglaterra no final do século 18 e logo disseminada
            para todo o continente europeu. Uma das consequências desse processo
            foi a aceleração do êxodo rural. Atraídos pela perspectiva de encontrar
            postos de trabalho mais qualificados e bem remunerados, agricultores
            deixavam suas terras para viver nas grandes cidades.
                  O que ocorreu, entretanto, foi o contrário: as condições de vida da
            classe operária tornaram-se deploráveis. Os trabalhadores que chegavam
            às cidades passaram a habitar cortiços, ambientes que favoreciam a pro-
            liferação de doenças. Apesar das jornadas extenuantes, que chegavam a
            80 horas semanais, os operários recebiam salários insuficientes para as-
            segurar a sobrevivência digna da família. Mulheres e crianças também
            trabalhavam, com remuneração ainda menor, para complementar a renda.
                  Uma das principais diferenças entre a lida no campo e a atividade
            industrial era a proximidade física entre os trabalhadores. Nas indús-
            trias, todos ficavam lado a lado, convivendo sob os mesmos galpões.
            Assim, compartilhavam a indignação com as condições que enfrenta-
            vam. Foi em decorrência dessa troca de informações que começaram a
            ser organizados os primeiros protestos coletivos por melhores condi-
            ções de trabalho.
                  As tentativas de impor reivindicações a quem tinha a proprie-
            dade do negócio eram quase sempre malsucedidas, pois tratava-se de
            uma relação extremamente desigual. Diante dessa constatação, alguns
            operários passaram a pensar na hipótese de se tornarem, eles próprios,
            proprietários dos negócios, em vez de empregados explorados. Como
            não seria possível fazer isso individualmente, já que o capital necessá-
            rio era alto, o único caminho possível seria a união. Estava lançada a
            semente do cooperativismo.




                  Surgem os pioneiros



                  A primeira organização a reunir todas as características de uma
            instituição do gênero – incluindo a igualdade plena entre os partici-
            pantes – foi a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale. Surgida na
            cidade inglesa de Manchester, em dezembro de 1844, a Sociedade foi
            fundada por 28 tecelões, que se uniram para vender os produtos que
            fabricavam – e, também, para adquirir coletivamente alimentos e re-
            médios para suas famílias.
                  O grupo estabeleceu os Princípios de Rochdale, conjunto de
            orientações que se tornou a base do cooperativismo: qualquer inte-




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