Page 18 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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A HerAnçA Alemã de SAntA CAtArinA
anta Catarina é o estado mais germânico do Brasil. Cerca de 25% de seus quase
7 milhões de habitantes têm ascendência alemã. São catarinenses que carre-
S gam sobrenomes como Schmitz, Müller, Schneider, Hoffmann, Stein, Gesser,
Richter, Schramm, Becker, Ruschel, entre tantos outros que estão integrados ao nosso
cotidiano. Qualquer pessoa que vive em Santa Catarina, independentemente da ori-
gem e da região em que mora, certamente encontra vários descendentes de alemães
no seu circuito de amizades e de relacionamentos profissionais.
São muitos os exemplos notáveis de catarinenses descendentes de alemães, nas mais
diversas áreas. Nos esportes, podem-se citar o tenista Gustavo Kuerten, o nadador
Fernando Scherer e o jogador de basquete Tiago Splitter. No mundo do entretenimento,
as atrizes Vera Fischer e Bruna Linzmeyer, o ator Rodrigo Hilbert e a modelo Mariana
Weickert. Na cultura, a artista plástica Elke Hering, o cineasta Sylvio Back e o poeta
Lindolf Bell. Na religião, Dom Eusébio Scheid, Leonardo Boff, Dom Paulo Evaristo
Arns e sua irmã Zilda Arns. No universo da política, vários senadores e governado-
res, como Felipe Schmidt, Heriberto Hülse, Lauro Müller, Irineu Bornhausen, Adolfo
Konder, Jorge Konder Bornhausen, Antônio Carlos Konder Reis, Vilson Kleinübing,
Paulo Bauer e Dário Berger.
Muitas das cidades, empresas e tradições culturais catarinenses são consequência direta
da chegada de imigrantes alemães a partir de meados do século 19, um movimento
que mudaria para sempre o perfil de uma parte do Brasil que até então permanecia
um tanto isolada. Estima-se que 400 mil alemães tenham se mudado para o Brasil, boa
parte deles tendo Santa Catarina como destino. A influência trazida por esses pionei-
ros foi multiplicada nas gerações seguintes, que levaram adiante, com perseverança
e dedicação, o trabalho iniciado por seus pais, avós e bisavós.
O início dessa história de amor não foi um mar de rosas, entretanto. Ao contrário,
só mesmo com muita determinação e vontade de vencer foi possível superar os
obstáculos que surgiam. A começar pela viagem da Europa ao Brasil, extremamente
penosa. Era preciso vencer 12 mil quilômetros a bordo de veleiros superlotados,
enfrentando escassez de comida e água, além da ameaça de doenças potencial-
mente fatais à época, como tifo e sarampo. Isso sem falar nas tempestades, que
chegaram a provocar o naufrágio de algumas embarcações, causando a morte de
dezenas de imigrantes.
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