Page 89 - Águas Subterrâneas: um Patrimônio Catarinense
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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, UM PATRIMÔNIO CATARINENSE
Esses solos servem como uma barreira precária aos processos de contaminação. Eles são
relacionados à falta de sistemas de coleta e tratamento de esgotos urbanos e ao uso intensivo
de fertilizantes químicos e de agrotóxicos nas zonas de cultivo. Também têm relação com a
disposição inadequada de dejetos das criações e agroindústrias de suínos, aves e gado leiteiro
e de outras atividades industriais, como papeleiras, metalúrgicas e até postos de combustíveis.
Por sua vez, sendo constituído por arenitos, no caso o Botucatu, o Aquífero Guarani apresenta
a maior vulnerabilidade à contaminação na sua zona de afloramento. Essa vulnerabilidade
diminui à medida que o arenito passa a ser um aquífero confinado, graças à cobertura pelas
rochas basálticas que constituem o Sistema Aquífero Serra Geral. Onde a espessura é maior
do que 400 metros, a recarga do aquífero é muito lenta, e as águas passam a ser consideradas
como águas “fósseis”. Por isso, sua extração deve ser considerada uma espécie de “mineração
de água”, já que não serão repostas no espaço de muitas gerações.
Quanto ao Projeto RGSG-SC/ICI, o resultado mais expressivo foi a aplicação dos recursos
da emenda coletiva da bancada federal de Santa Catarina na consolidação e na ampliação
da infraestrutura de pesquisa e inovação de laboratórios da Uniplac, da Unoesc, da UnC, da
UnoChapecó, da FURB, da Udesc, da UFSC e da Epagri, visando à produção de conhecimento
hidrogeológico e da geoquímica das águas superficiais e subterrâneas na região de abran-
gência dos sistemas aquíferos Guarani e Serra Geral.
Esse conhecimento orientará ações de conservação, recuperação, uso sustentável e gestão
integrada dos recursos, possibilitando a fundamentação de políticas públicas e disponi-
bilizando subsídios para a discussão de um novo arcabouço institucional e legal para as
águas subterrâneas.
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