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PRESIDENTES PRESIDENTES
UM ORADOR DONO MEMÓRIAS
DE VÁRIOS E SONHOS
DISCURSOS E CONSTRUÍDOS
BELAS DEFESAS EM CONJUNTO
Luciano Bomfim Hugo Frederico
Marinho de Andrade A Câmara Júnior pareceu um Seu compromisso com os ideais da Câmara Júnior
– in memoriam, divisor de águas na sua vida. Hoffmann – in memoriam, era uma inspiração para todos ao seu redor.
Presidente JCI Brasil (1963) Presidente JCI Brasil (1964)
Fortaleza (CE) Porto Alegre (RS)
Nós estamos com o Congresso. [...]
Nós, jovens e responsáveis pelo futuro do País, per-
maneceremos ao lado da legalidade, em defesa das
oncluiu o primário em Fortaleza (CE), o gi- instituições, do regime e da democracia. [...]” ugo sempre foi uma pessoa cheia de energia, Seu compromisso com os ideais da Câmara Júnior era
násio em Salvador (BA) e o ensino clássico entusiasmo e paixão, conforme define a esposa uma inspiração para todos ao seu redor. Conforme
C no Rio de Janeiro (RJ), no Colégio Andrews. O manifesto foi encabeçado por Luciano Marinho, H Rony Ilona Hoffmann. Entre as etapas marcan- a esposa, era o tipo de pessoa que fazia questão
Regressou a Fortaleza, onde cursou Direito, e poste- que no ano seguinte foi eleito presidente no biênio tes de sua vida, uma brilhou de maneira especial: sua de acolher, integrar e valorizar cada novo membro,
riormente transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde 1962/1963 na JCI, desenvolvendo habilidades nos dedicação à Câmara Júnior. “Esse capítulo aconteceu transformando cada reunião, cada desafio, em um
exerceu a advocacia. discursos e oratória. O ano de 1964 foi marcado em uma época em que éramos jovens e apaixonados, momento especial.
pelo golpe militar e ensejou mudanças: Luciano navegando juntos pelos primeiros anos de namoro.
Luciano, seu irmão Claudio e seu cunhado Oswaldo transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde voltou Foi um período que marcou profundamente quem ele Embora essa etapa da vida tenha ficado para trás,
Pontes, ambos engenheiros, foram responsáveis por a exercer a advocacia, contraiu núpcias e teve era e quem se tornaria, mesmo que nossos filhos não as amizades construídas permaneceram. “Hoje,
diversas obras da Novacap, valendo destacar o primeiro três filhos. tenham memória direta dessa fase”, relata a esposa. com o coração cheio de saudades, só posso ex-
aeroporto de Brasília (DF)! pressar minha gratidão por ver essa história
Segundo sua família, “a Câmara Júnior pareceu um Na Câmara Júnior, Hugo encontrou uma família de tão especial sendo relembrada e registrada com
Em 1961 já integrava a JCI e na ata da 28ª sessão divisor de águas na sua vida, porque o fez dono de irmãos escolhidos, unidos por valores e pelo desejo de tanto carinho.
da 3ª sessão legislativa da 4ª Legislatura, em 30 de vários discursos e belas defesas”, todas ali iniciadas. A crescerem juntos como indivíduos e como líderes. A
agosto de 1961, foi discutida a solução parlamenta- frase descrita na Carta de Princípios da JCI, “a fé em vivência naquele ambiente era mais do que participar É emocionante acompanhar a celebração de um perío-
rista e entregue um manifesto com o seguinte teor: Deus dá sentido e finalidade à vida”, motivou a espi- de eventos ou assumir cargos. Era sobre criar laços, do tão marcante, não apenas para ele, mas para todos
ritualidade e o desenvolvimento nos que o cercavam. compartilhar sonhos e construir memórias. os que participaram dessa jornada”, conclui Rony.
“Compreendendo a gravidade do momento, conscien-
tes do destino que nos aguarde, vendo periclitar as O respeito que nutriu pela JCI também deve ser des-
nossas instituições, assistimos ao triunfo da anarquia tacado, haja vista sua capacidade de convencimento
e do totalitarismo. e diálogo com interlocutores diversos. A JCI trouxe
liderança para a sua vida, “porém, os conturbados anos
Os jovens de Brasília, oriundos de todas as partes do posteriores a 1964 impuseram o exílio ou o silêncio”.
Território Nacional, aqui irmanados pelo trabalho de
construir esta cidade, a Capital da Esperança cenário Dois anos após a convocação da Assembleia Cons-
de uma das maiores crises políticas da História, vimos tituinte, Luciano Marinho foi a óbito. Afirmava que
protestar contra toda e qualquer medida que vise “depois do golpe militar, o país precisaria de 50 anos
desrespeitar a Constituição e a lei. [...] para alcançar a estabilidade democrática!”.
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