Page 145 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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A HerAnçA Alemã de SAntA CAtArinA





























                        Hans Emilio Carlos                          Carlos Frederico Adolfo Schneider,
                        Schneider trouxe inovações                  eleito Personalidade Ambiental do
                        para Santa Catarina                         Prêmio Expressão de Ecologia em 2001

            A trajetória do Grupo H. Carlos Schneider, que completa    Hamburgo, e de lá para Joinville. Elas cruzaram o Atlântico duas
            137 anos em 2018, começou quando Karl Schneider deixou   vezes. Valeu a pena. O açúcar produzido a partir dessa inova-
            Erfurt, próxima a Leipzig, na Alemanha, onde seus pais eram   ção abasteceu a Colônia e entrou nas rotas comerciais, seguido
            prósperos comerciantes de ferragens. Em busca de oportuni-  da cachaça de alambiques. Centenas de pipas com 500 litros
            dades de crescimento, rumou com a esposa para Joinville,   passaram a cruzar a estrada puxadas pelos carroções.
            que estava em franco processo de desenvolvimento e buscava
            jovens que quisessem construir a vida nas terras da região.    Durante a Primeira Guerra, com os curtumes joinvilenses quase
            Chegando à Colônia Dona Francisca, Karl encontrou áreas    falindo pela falta de tanino, que não chegava mais da Europa
            difíceis para o cultivo. E foi justamente essa característica, que   conturbada, ele descobriu um substituto: usou folhas do mangue
            inicialmente poderia ser vista como negativa, que impulsionaria    e criou um novo produto, o que possibilitou manter os curtumes
            o progresso da região.                                  em operação. Ele forjou a economia da cidade financiando
                                                                    ferramentas e máquinas agrícolas, o que permitiu a abertura de
            Em vez de uma fazenda, Karl enxergou na então Colônia, carente   lojas e pequenas indústrias.
            de recursos, uma grande oportunidade: inaugurou a Casa do
            Aço, comércio que trouxe dezenas de inovações para o desen-  Seu filho Hans Emílio Carlos Schneider falava seis idiomas e
            volvimento da comunidade. Bem informado sobre os avanços   ia de carroça Estado adentro, com uma modernidade a bordo:
            tecnológicos europeus, ele importou máquinas sofisticadas que   levava catálogos, outra inovação paterna, em vez de pesadas
            aceleraram o progresso da cidade. Trouxe também a primeira   mercadorias. Era um vendedor moderno e corajoso. Na década
            bicicleta, que em poucos anos se transformou no principal meio   de 70, a Casa do Aço foi incorporada à ICO Comercial, hoje
            de transporte e fez Joinville ser conhecida nacionalmente como   Ferramentas Gerais.
            a “Cidade das Bicicletas”.
                                                                    Com o mesmo tino do avô, Carlos Frederico Adolfo Schneider,
            Visionário, Karl percebeu que os colonos usavam cana-de-açúcar    filho de Hans Emílio, viu o parque industrial joinvilense explodir
            apenas como ração animal. Soube que os norte-americanos   na década de 1950, quando a cidade já ultrapassava a marca
            tinham moendas de alta tecnologia, de ferro, para produzir   de 40 mil habitantes. Surgiram novas indústrias, como Tupy,
            açúcar mascavo. Importou as moendas dos Estados Unidos para   Hansen (atual Tigre) e Consul. Essas organizações compravam






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