Page 132 - A Herança Alemã de Santa Catarina
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A propriedade dos Karsten às margens do Rio do Testo até a violenta enchente de 1880
nho, a serraria e muitas das madeiras que estavam ali – as toras adquirir os equipamentos necessários, além de recrutar um bom
foram parar no Rio Itajaí-Açú e dali seguiram para a imensidão técnico em tecelagem. Ele voltou a Blumenau com o maquinário
do Oceano Atlântico. Como a família era querida na região e encomendado, mas faltando ainda um prazo largo para a entre-
todas se abasteciam do fubá produzido pelos Karsten, houve ga. Estava tudo acertado para que um profissional experiente no
uma grande mobilização de amigos, vizinhos e clientes para ramo, Gustav Roeder, se tornasse sócio da empreitada. Roeder
reconstruir o que havia sido destruído. O moinho foi instalado só chegou ao Brasil quase um ano depois, junto com seis teares
em outro ponto, mais seguro. e uma pequena fiação de 300 fusos.
Tudo isso serviu, no entanto, para despertar a atenção de Johann Surgia, assim, em 1882, a empresa Roeder, Karsten & Hadlich.
– o filho – à necessidade de diversificar ainda mais os negó- Estimulados pelos empreendedores, os colonos da região de
cios. Foi assim que, observando o rápido crescimento da Co- Testo Salto, que tinham no plantio de café a oportunidade de
lônia Blumenau, um mercado consumidor que já contava com reforçar o orçamento, organizaram uma cooperativa de plan-
14 mil habitantes, ele teve a ideia de instalar uma tecelagem. tadores de algodão, que contava inicialmente com 40 sócios.
Associou-se ao amigo Heinrich Hadlich, um pequeno comer- Compraram sementes de Pernambuco e deram início à cultura.
ciante, com quem somou as economias para levar adiante o No primeiro ano, a fábrica Roeder, Karsten & Hadlich adquiriu
projeto. Enquanto Karsten construía o prédio para instalar a 1.875 kg de algodão com caroço, pagando 400 mil réis por ar-
tecelagem, Hadlich partiu para a Alemanha com o propósito de roba. Mas as condições climáticas foram desfavoráveis à cultura
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